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terça-feira, 29 de março de 2011

Valor líquido

Algumas tardes chuvosas em qualquer região do País podem até deixar esse fato nebuloso, mas não resta dúvida: a escassez de água é um problema que estará na pauta de governos e empresas nos próximos anos – e um dos termos que já passa a ser recorrente nos debates sobre sustentabilidade é o da Pegada Hídrica.
No último dia 14 de março, Arjen Hoekstra, criador do conceito, esteve em São Paulo para participar de uma coletiva sobre o tema realizada pelo WWF-Brasil, Water Footprint Network, The Nature Conservancy e USP São Carlos, na qual abordou os principais aspectos dessa métrica que ainda gera muitas dúvidas entre aqueles que desejam aplica-la.
O indicador foca o uso direto e indireto de água doce – no caso de um produto, por exemplo, seu uso ao longo de toda a cadeia produtiva. Recentemente, o Padrão Global de Pegada Hídrica foi aprovado e agora passa a ser difundido entre indivíduos, empresas e países em um esforço de comunicação e conscientização.
Com a escassez em diversas partes do globo, gerir a água de forma eficiente será algo imprescindível para os negócios. Por outro lado, setores menos intensivos podem demorar a perceber essa necessidade – outros tipos de pegada, como a de carbono, ainda representam o foco principal das empresas, tanto no que diz respeito a ações quanto à comunicação.
“A pegada hídrica é algo muito novo e nesse momento as empresas devem entender a maneira como utilizam o recurso para a partir daí planejar suas ações”, destacou Hoekstra, diretor científico da Water Footprint.
Criar uma relação mais próxima dos stakeholders é um passo fundamental nesse processo. Além disso, o Manual de Avaliação da Pegada Hídrica visa ajudar empresas e governos que estão dando os primeiros passos no sentido de medir o uso de água.
Entre os desafios futuros relacionados à gestão hídrica, são apontados, no Manual, a incorporação da pegada nas contas e relatórios ambientais existentes, sua ligação a métodos de medição de pegada ecológica, energia e carbono, a conexão com materialidade, avaliação do ciclo de vida, entre outros.
Empresas já revelam a intenção de avaliar sua pegada na cadeia produtiva, mas olhando principalmente para os riscos, não para as oportunidades Otimizar o consumo de água, por exemplo, pode reduzir o uso de energia e tornar processos mais baratos, além de gerar a “marca” de um atributo socioambiental para  a empresa– como indicações nos rótulos dos produtos – resultando em vantagem competitiva.
“O primeiro desafio é avaliar como as empresas realmente entendem a pegada hídrica e se o seu consumo está mais relacionado à poluição, impacto direto nas operações, etc. Mas isso não é o suficiente, precisamos ajudá-las a entender se a pegada que possuem é sustentável”, avalia Ruth Mathews, diretora executiva da Water FootPrint.
O Brasil, sendo um País fortemente exportador de matéria-prima, possui um grande potencial para comunicar e reduzir o uso associado de água, além de estabelecer padrões sustentáveis para exportação – avaliaram os especialistas – com o papel de regular e se apropriar de instrumentos com essa finalidade.
Os tipos de pegada hídrica:
pegada azul – volume de água doce para produzir os bens e serviços
pegada verde – volume de água evaporada naturalmente, como a água da chuva
pegada cinza – água poluída que associada à produção de bens e serviços.

por Cristina Tavelin

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